Duas narrativas fantásticas
A dócil e O sonho de um homem ridículo
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Fiódor Dostoiévski
128 p. - 14 x 21 cm
ISBN 978-85-7326-271-1
2003
- (4ª edição - 2017)
Edição conforme o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
Designadas pelo próprio autor como "narrativas fantásticas", as duas novelas aqui reunidas foram publicadas pela primeira vez nas páginas do Diário de um escritor, publicação mensal redigida por Dostoiévski entre 1876 e 1881.
Em A dócil, um homem desesperado refaz, diante do cadáver da mulher, a história de seu relacionamento, tentando compreender passo a passo as razões que a levaram ao suicídio. Já em O sonho de um homem ridículo, o narrador, a ponto de acabar com a própria vida, adormece na poltrona diante do revólver carregado. Principia então um dos sonhos mais extraordinários da história da literatura, durante o qual Dostoiévski anuncia a possibilidade de uma vida utópica em outro planeta antes de seus habitantes serem contaminados pelo veneno da autoconsciência.
Ambas as narrativas partilham da mesma "introspecção verrumante" que Boris Schnaiderman apontou no protagonista de Memórias do subsolo, livro com o qual estas obras mantêm grande afinidade. Tanto lá como aqui, o escritor russo submete a forma do monólogo a tal intensidade dramática, que o resultado ultrapassa as fronteiras daquilo que nos acostumamos a chamar de literatura.
Sobre o autor
Fiódor Mikháilovitch Dostoiévski nasceu em Moscou em 1821, e estreou na literatura com o romance Gente pobre, em 1846, ao qual se seguiram O duplo (1846) e Noites brancas (1847), entre outros. Após ser preso e condenado à morte pelo regime tsarista em 1849, teve sua pena comutada para quatro anos de trabalhos forçados na Sibéria, experiência retratada em Escritos da casa morta, livro que começou a ser publicado em 1860, um ano antes de Humilhados e ofendidos. Após esse período, escreve Memórias do subsolo (1864), Um jogador (1867), O eterno marido (1870) e uma sequência de grandes romances, Crime e castigo (1866), O idiota (1869), Os demônios (1872) e O adolescente (1875), culminando com a publicação de Os irmãos Karamázov em 1880. De 1873 até o ano de sua morte publicou ainda o Diário de um escritor, reunindo peças jornalísticas e de ficção. Reconhecido como um dos maiores autores de todos os tempos, Dostoiévski morreu em São Petersburgo, em 1881.
Sobre o tradutor
Vadim Nikitin nasceu em Moscou, em 1972, e vive em São Paulo desde 1976. Formado em Letras pela FFLCH-USP, é tradutor, dramaturgo, diretor, ator e letrista. Traduziu Duas narrativas fantásticas: A dócil e O sonho de um homem ridículo, de Fiódor Dostoiévski (Editora 34, 2003), O homem sentado no corredor e A doença da morte, de Marguerite Duras (Cosac Naify, 2007), Do amor e O idílio da Carvoeirinha, de Federico García Lorca (em Os títeres de porrete e outras peças, SM, 2007) e Histórias de bichos, de Lev Tolstói (SM, 2013). Para a trupe de Elcio Nogueira Seixas e Renato Borghi, traduziu Tio Vánia (1996) e O jardim das cerejeiras (2000), de Tchekhov, e Tímon de Atenas (2006), de Shakespeare. Para a Cia. Livre, traduziu Um bonde chamado desejo (dir. Cibele Forjaz, 2001), de Tennessee Williams (Peixoto Neto, 2004) e, entre 2008 e 2013, colaborou nas dramaturgias de O idiota, de Dostoiévski (dir. Cibele Forjaz), e de O duelo, de Tchekhov (dir. Georgette Fadel). Com Guilherme Wisnik, fez a curadoria de Na sala da memória, palestras multimídia de Ferreira Gullar e Paulo Lins (Sesc Pinheiros, São Paulo, 2003) e, com Cacá Machado e José Miguel Wisnik, das exposições Machado de Assis, mas este capítulo não é sério e Oswald de Andrade: o culpado de tudo (Museu da Língua Portuguesa, 2008-2011). Foi dramaturgo do espetáculo Um jeito de corpo, do Balé da Cidade de São Paulo, baseado na obra de Caetano Veloso (coreografia de Morena Nascimento, 2018). Atuou no Teatro Oficina de 1996 a 2005 (As Bacantes, de Eurípides, Ela, de Jean Genet, Ham-Let, de Shakespeare, e Boca de Ouro, de Nelson Rodrigues, dir. Zé Celso Martinez Corrêa), em As três irmãs, de Tchekhov (dir. Bia Lessa, 1998) e em Toda nudez será castigada, de Nelson Rodrigues (Cia. Livre, dir. Cibele Forjaz, 1999). Além de dirigir Os sete gatinhos (2001), de Nelson Rodrigues, escreveu e dirigiu, entre 1997 e 2021, as peças Canção de cisne, variação sobre Tchekhov, 2497 rublos e meio, série de lazzi dostoievskianos, A voz que resta, monólogo para Gustavo Machado (que em 2025 virou longa-metragem, dir. Gustavo Machado e Roberta Ribas) e o monólogo-média-metragem Stavrôguin, eu mesmo, adaptação de passagens de Os demônios, de Dostoiévski, para Luah Guimarãez.
Veja também
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