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Uma noite em cinco atos

 

Alberto Martins

Imagens de Evandro Carlos Jardim

Este livro foi selecionado pelo Programa Petrobras Cultural


112 p. - 12 x 21 cm
ISBN 978-85-7326-428-9
2009 - 1ª edição
Edição conforme o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa

Alberto Martins, poeta, artista plástico e ensaísta, exercita-se desde sempre no difícil diálogo entre a impulsão poética, arrebatadora, e a tomada de pulso da matéria, gravitacional: navegação com expectativa de cais. Estreando aqui como autor de peça teatral, suas personagens são três grandes poetas brasileiros que encenam, num palco a um tempo íntimo e aberto, uma ampla interrogação sobre a poesia, a cidade de São Paulo, a vida moderna.
     Épocas distintas se verticalizam no presente do nosso século, tornado comum a Álvares de Azevedo (1831-1852), Mário de Andrade (1893-1945) e José Paulo Paes (1926-1998). Contemporâneos todos, quebremos também as paredes dos sonhos e reconheçamos as "tarefas inconclusas" que sempre couberam aos poetas, sobretudo os que fazem crer que a mais alta beleza é indício de ainda mais altas necessidades. Sim, a perspectiva do autor é romântica: o lirismo machucado e reflexivo, os jogos do humor e a acidez da paródia são recursos que, em vez de minarem, acentuam a necessidade de ouvir poetas conversando entre si, unidos não pela morte, mas pela vida nova de um espaço/tempo em que Zé Paulo pode dizer a Álvares: "aqui você é que é novo e eu sou o velho". Um desafio para ambos (e também para Mário de Andrade, que ao diálogo entre eles vem juntar a companhia de um pesado e misterioso silêncio) é compreender São Paulo, a quarta personagem, cujos espaços se abrem tanto aos dejetos industriais como à mais sofisticada instrumentação tecnológica. Mas a questão de fundo é ponderar a poesia. "Será um exagero dizer que falo em nome de muitos?" - pergunta Zé Paulo ao poeta adolescente.
     De fato, o que cabe à poesia em tempos de lirismo acuado nas trincheiras? "Trincheiras são muito parecidas com covas", amarga Álvares de Azevedo, ao que Zé Paulo rebaterá: "A sua tarefa ficou inconclusa", acrescentando que também a de Mário de Andrade não se concluiu. Esta peça quer alargar tal questão, não para "concluir a tarefa", obviamente, mas para avivá-la dentro de nós. É preciso escavar "alguma dor não contaminada", continua Zé Paulo. Que é uma dor não contaminada senão o ganho de um novo impulso poético, sem os vícios do maneirismo estético ou da deformação ideológica? É aqui que entra o poeta Alberto Martins, arriscando, "buscando a dose certa" (fala de Zé Paulo) para uma química entre limites e aspirações. Seus três personagens dão corpo à Poesia mesma, cuja ressurreição não se opera sem corrosão irônica no território de uma paulicéia exuberante e degradada - por isso mesmo tão incitantemente poética.
     Dentro dessa noite paulistana, a um tempo geográfica e cósmica, as personagens não são fantasmagorias: dão corpo às tensões agudas que entrelaçam sentimento e história, corpo e imaginação. A certa altura Álvares de Azevedo diz a Zé Paulo que desconfia não estar preparado para ouvir a "sinfonia do século" (representada num turbilhão de ruídos urbanos em altíssimo volume). E nós, estamos? Para interrogar o curso da modernidade em perspectiva lírica, bem como para aferir o sentido do poético no tempo atual, Alberto Martins faz caminhar três poetas queridos seus, numa cidade afetivamente sua, enfrentando questões que não são apenas suas.
                                                                                                                          Alcides Villaça


Sobre o autor
Escritor e artista plástico, Alberto Martins nasceu em Santos, SP, 1958. Formou-se em Letras na USP em 1981, e nesse mesmo ano iniciou sua prática de gravura na ECA-USP. Como escritor publicou, entre outros, os livros Poemas (1990); Goeldi: história de horizonte (1995), que recebeu o Prêmio Jabuti; A floresta e o estrangeiro (2000); Cais (2002); A história dos ossos (2005), segundo lugar no Prêmio Portugal Telecom de Literatura; A história de Biruta (2008); a peça Uma noite em cinco atos (2009); Em trânsito (2010), menção honrosa no Prêmio Moacyr Scliar de Literatura 2011; e Lívia e o cemitério africano (2013), Prêmio APCA de Melhor Romance do Ano. Violeta: uma novela compõe uma série com A história dos ossos e Lívia e o cemitério africano.




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A história dos ossos
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