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Trens rigorosamente vigiados

 

Bohumil Hrabal

Tradução de Luís Carlos
Posfácio de Šárka Grauová

128 p. - 14 x 21 cm
ISBN 978-65-5525-252-1
2025 - 1ª edição

“O incrível casamento do humor plebeu com a imaginação barroca” — assim Milan Kundera descreve a obra de seu compatriota e contemporâneo Bohumil Hrabal, um dos escritores mais importantes da literatura tcheca do pós-guerra.

Publicado em 1965, Trens rigorosamente vigiados é o seu livro mais conhecido, em boa parte devido ao filme homônimo de 1966, uma colaboração do autor com o diretor Jiří Menzel que recebeu o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 1968. Nesta novela, acompanhamos as angústias sexuais do jovem narrador Miloš Hrma em sua conturbada passagem para a vida adulta. O pano de fundo é o cotidiano pacato de uma pequena estação ferroviária, em cuja morosidade se imiscuem a resistência à ocupação nazista da Tchecoslováquia e a brutalidade dos eventos finais da Segunda Guerra Mundial. Através de uma prosa excêntrica, calcada no registro coloquial e capaz de saltar, numa mesma frase, do mais baixo calão ao lirismo mais elevado, Hrabal compõe uma narrativa que se equilibra o tempo todo entre o grave e o absurdo, o trágico e o burlesco.

Este é o primeiro livro de Bohumil Hrabal publicado no Brasil em tradução direta, a cargo de Luís Carlos Cabral. A edição traz ainda um ensaio biográfico de Šárka Grauová, professora da Universidade Palacký, da República Tcheca, escrito especialmente para esta edição.


Texto orelha

O prenúncio incontestável do fim da Segunda Guerra Mundial já paira no ar. Numa estação de trem da então Tchecoslováquia, o aprendiz de ferroviário Miloš Hrma narra, num fluxo espontâneo, de uma ingenuidade que desarma o leitor, a crônica tragicômica desses últimos momentos, vividos no cotidiano de sua cidadezinha de província durante a ocupação alemã. Mas seu olhar capta de forma enviesada os grandes acontecimentos da grande História; para ele, a guerra ecoa no dia a dia, como um ruído de fundo, enquanto a verdadeira preocupação está em seu drama íntimo: como superar a infância, como se tornar um “homem”.


Por meio de uma prosa veloz e coloquial, o leitor é imediatamente imerso numa narrativa que, em diferentes níveis, encadeia memórias, situações e sensações com extraordinária precisão e humor. E é especificamente o humor que, aos poucos, abre fendas nas personagens, questiona seus gestos, contesta-lhes a integridade e revela o absurdo, a falta de sentido das oposições geradas pela guerra. E surgem questões: quem foram os soldados que partiram para o front, e em que estado voltaram? Qual o valor dos gestos heroicos à luz da História? Como entender os momentos finais da guerra, marcados apenas pela arbitrariedade?


Embora tenha publicado seu primeiro livro pouco antes de completar cinquenta anos de idade, o escritor Bohumil Hrabal (1914-1997) logo se consolidou como um dos grandes nomes da literatura tcheca, ao lado de autores contemporâneos como Milan Kundera e Václav Havel. Em sua poética, Hrabal conseguiu sintetizar habilmente diversas correntes artísticas tchecas — como a Geração 42, o Poetismo, o Surrealismo, o Realismo Total e o Explosionismo —, ao mesmo tempo em que dialogou com os principais movimentos da literatura e da arte moderna europeias.


Seu estilo é singular, multifacetado, difícil de classificar — assim como suas personagens. Para conhecer de perto a vida pulsante e crua, Hrabal trabalhou em diversas profissões que pareciam destoar de sua natureza de observador discreto: foi corretor de seguros, metalúrgico, funcionário de um centro de coleta de papel reciclável e, durante a guerra, operário ferroviário e controlador de tráfego. É dessa experiência pessoal que nasce um apreço pela minúcia realista, que está na base de seu olhar lírico e altamente perspicaz. Trens rigorosamente vigiados (1965) distingue-se do restante de sua produção ao apresentar uma estrutura narrativa mais próxima dos moldes clássicos, com uma dose de objetividade épica que contrasta com o experimentalismo característico de sua obra. Este livro, portanto, é uma excelente introdução ao universo hrabaliano. E sua publicação se torna ainda mais especial por marcar a primeira tradução direta do tcheco para o português brasileiro, celebrando os sessenta anos da edição original.


Filip Vavřínek


Sobre o autor

Bohumil Hrabal nasceu em 1914 em Brno, região da Morávia, e passou a infância em Nymburk, onde seu padrasto administrava uma pequena maltaria e cervejaria. Após se formar no ginásio de Nymburk, mudou-se para Praga, onde começou o curso de direito na Universidade Carolina, estudos que foram interrompidos pela ocupação nazista e o decorrente fechamento de todas as universidades do país. Durante sua vida, ocuparia uma série de empregos pouco convencionais para um intelectual: foi escriturário, ferroviário, corretor de seguros, caixeiro-viajante, operário de siderúrgica, montador de cenários no Teatro S. K. Neumann, onde atuava como figurante ocasional, e operador de prensas numa indústria de reciclagem de papel. Teve uma estreia literária tardia, quase aos 50 anos de idade, tornando-se conhecido na Tchecoslováquia já com os primeiros livros, Uma pérola no fundo (1963) e Pábitelé (1964). Obteve reconhecimento internacional com Trens rigorosamente vigiados (1965), cuja adaptação para o cinema, com roteiro do próprio Hrabal e direção de Jiří Menzel, foi premiada em 1968 com o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Nesse mesmo ano, em reação às reformas encadeadas pela Primavera de Praga, ocorre a invasão do país pela União Soviética e países do Pacto de Varsóvia. Junto com outros escritores, Hrabal é impedido de publicar. Durante os sete anos de “silêncio” que se seguiram, escreve seus livros mais famosos, cujos manuscritos tiveram ampla circulação ilegal antes de virem a público: Eu servi o rei da Inglaterra (1971) e Tosquias (1974), também adaptados para o cinema com sucesso, e Uma solidão ruidosa (1976). Nas décadas seguintes, Hrabal dedicou-se ao gênero memorialista, introduzindo experimentalismos formais, como em Vita nuova (1987), escrito sem qualquer sinal de pontuação. Considerado um dos maiores escritores tchecos do século XX, Hrabal soube se equilibrar entre uma imensa liberdade criativa e as demandas de uma época autoritária, forjando um estilo único, a um só tempo trágico e bonachão. Foi também um escritor profícuo: no ano de 1997, em que morreu ao cair da janela de um hospital, já havia publicado mais de oitenta livros.



Sobre o tradutor

Luís Carlos Cabral é um tradutor literário de renome. Verteu diversos títulos do espanhol, entre eles Três tristes tigres, de Guillermo Cabrera Infante (José Olympio, 2009), que recebeu o 2º lugar no Prêmio Jabuti em 2010. Do tcheco, traduziu Malá Strana: vestígios de Praga, de Jan Neruda (Record, 2011), Prêmio Paulo Rónai da Fundação Biblioteca Nacional em 2011; As aventuras do bom soldado Švejk, de Jaroslav Hašek (Alfaguara, 2014), 2º lugar no Prêmio Jabuti em 2015; e A guerra das salamandras, de Karel Čapek (Record, 2011).



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e A família Tóth

 


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