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Poesia
 

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A menor das tempestades

 

Josoaldo Lima Rêgo


136 p. - 14 x 21 cm
ISBN 978-65-5525-213-2
2024 - 1ª edição

Com sete livros publicados, o poeta e geógrafo maranhense Josoaldo Lima Rêgo vem, a cada novo livro, depurando sua técnica e afirmando um estilo próprio. Numa linguagem extremamente concisa e nada confessional, em seus poemas o “eu” sai de cena para dar voz a outros personagens, historicamente silenciados e sob constante ameaça: indígenas, homens e mulheres do campo, mas também animais, plantas, rios e oceanos.

Trabalhando a palavra como um montador de cinema, de olhos e ouvidos atentos, o resultado é A menor das tempestades, uma obra fortemente imagética, quase fotográfica, que, segundo Edimilson de Almeida Pereira, “depende da precisão do corte para despertar no leitor o desejo pela reflexão metafísica”.


Texto orelha

A obra de Josoaldo Lima Rêgo guia-se por um projeto ética e esteticamente rigoroso, como demonstram seus livros Paisagens possíveis (2010), Variações do mar (2012), Máquina de filmar (2014), Motim (plaquete, 2015), Carcaça (2016) e Sapé (2019). Nesse projeto, a tensão entre economia verbal e complexidade dos enunciados, a ruptura da hierarquia nas relações entre forma e conteúdo, a denúncia dos dilemas sociais e o emprego das técnicas de corte e montagem são aspectos que a atual coletânea herda dos livros anteriores.


Um dos antecipadores do Romantismo em seu país, o inglês Samuel Taylor Coleridge (1772-1834) afirmou que a poesia “são as melhores palavras em sua melhor ordem”. Longe de ser um enunciado definitivo, nele se entrevê a racionalidade como índice de expressão da linguagem poética. É sob esse viés que se apresenta uma parte significativa da poética de Josoaldo Lima, à qual se somam com igual relevância as imagens capturadas pelo olhar do poeta. Esse processo resulta em flashes como “A paisagem pintada/ nos muros/ O coração e a graça/ do estorvo” (“Passeata”). Para estruturar o jogo de sentido com as palavras e realizar os cortes/montagens das imagens, Josoaldo Lima pensa o poema como uma forma híbrida, simultaneamente autônoma e em diálogo com a realidade circundante. Por conta disso, não raro se observam os choques de ordem semântica e cultural no interior do objeto-poema, a exemplo dessa micropaisagem: “o canto rouco, comum/ no encalço da língua/ geografia de arestas” (“Cantigas 1”).


Numa perspectiva divergente da retórica intimista e confessional — que reflui com frequência na poesia brasileira — a poética de Josoaldo Lima ressoa através de um eu-narrador (mesmo quando se trata do discurso lírico) que em vez de se ater às suas especificidades, torna-se alter ego de outras máscaras. Por isso, o eu que irrompe no poema se abre para as linguagens de outros-eus. Esse constructo de personalidade reorganiza o real nos poemas e mapeia áreas de conflito por onde transitam personagens dilacerados. Do mar ao sertão, da casa às ruínas, a poética refaz como história possível os rastros dos outros-eus que impregnam as retinas do poeta, a exemplo desse sintético “Kàjré”: “o machado krahô// na sala fechada do museu/ ressoa a voz timbira”. Dessa exclusão impregnada no tecido histórico, o poeta extrai “a menor das tempestades”, aquela que não recusa a condição trágica do humano, a um só tempo criador de mundos e semeador do caos.


As formas mínimas de Josoaldo Lima nos remetem a dois poetas distintos em suas trajetórias, porém semelhantes no modo como captam o tensionamento entre economia e excesso da linguagem. Em seus micropoemas, entrevemos o corte zen/minimalista do angolano Arlindo Barbeitos (Angola, angolê, angolema, 1976): para ambos a concisão formal é perturbada por questões transbordantes como a guerra, o exílio, o mistério da música e as viagens. Além disso, suas reflexões o colocam em diálogo com o poeta e crítico baiano Roberval Pereyr (Mirantes, 2012), uma vez que ambos valem-se da claridade do verbo para tangenciar os recantos obscuros do pensamento. Em A menor das tempestades, Josoaldo Lima Rêgo reafirma sua poética álacre e coesa, tecida com os materiais da dispersão da vida contemporânea.


Edimilson de Almeida Pereira


Sobre o autor

Josoaldo Lima Rêgo nasceu no Maranhão, em 1979. Poeta e geógrafo, publicou os livros Paisagens possíveis (2010), Variações do mar (2012, finalista do Prêmio Jabuti), Máquina de filmar (2014), Motim (plaquete, 2015), Carcaça (2016, finalista do Prêmio Jabuti) e Sapé (2019), todos pela editora 7Letras. Participou da coletânea É agora como nunca (organização de Adriana Calcanhotto, Companhia das Letras, 2017). É professor na Universidade Federal do Maranhão e possui doutorado em Geografia pela Universidade de São Paulo. Vive em São Luís.



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